Você já se perguntou por que grandes empresas, com toda uma estrutura de governança e complianceSubstantivo advindo do verbo to comply (agir de acordo, cumprir, obedecer). Estado de estar de acordo com as diretrizes ou especificações estabelecidas pela lei ou regras, políticas e procedimentos de... Saiba mais, quebram ou se envolvem em escândalos?
Casos como o da Enron, nos anos 2000, e o mais recente da Americanas (2023), mostram que o problema nem sempre está na falta de controles internosé um processo desenvolvido para proporcionar segurança razoável às operações, divulgação e conformidade. As atividades de controle são ações estabelecidas por meio de políticas e procedimentos que ajudam a garantir... Saiba mais, e sim na forma como eles são aplicados, supervisionados e vividos no dia a dia.
O que esses casos têm em comum?
Ambas as empresas apresentavam estruturas e documentos de governança bem organizados (pelo menos no papel), mas enfrentaram falhas graves em áreas que deveriam funcionar como pilares de integridadeConjunto de escolhas que estejam em sintonia com as crenças pessoais e os valores da empresa, prezando pela ética nas tomadas de decisões. Saiba mais.
Segundo o modelo COSOCommittee of Sponsoring Organizations (COSO): é uma organização privada criada nos EUA em 1985 para prevenir e evitar fraudes nos procedimentos e processos internos das empresas. Saiba mais, um sistema de controle interno eficaz é sustentado por cinco componentes essenciais. Vamos entender cada um deles com uma lente prática:
- Ambiente de Controle
É a base de tudo. Envolve a cultura da empresa, os valorescrenças julgadas corretas em relação a interações com outras pessoas ou empresas. Saiba mais praticados pela liderança e o exemplo que “vem de cima”.
O problema? Quando o foco está apenas em bater resultados e maximizar bônus, sem considerar os riscos e os impactos no longo prazo. Isso fragiliza a éticaConjunto de ações normativas que guia o comportamento de uma organização ou de um indivíduo, estabelecendo boas relações sociais. A ética é o estudo da moral. Saiba mais e cria uma cultura permissiva, onde o “jeitinho” é mais valorizado do que a integridade.
- Avaliação de RiscosAvaliar a probabilidade e a severidade do dano. Probalidade x Impacto. Normalmente são avaliados em: baixo, médio, alto. Saiba mais
Toda empresa precisa entender quais riscos enfrenta, e o que pode dar errado.
O problema? Metas agressivas e incentivos individuais (como stock optionsStock options são contratos que permitem ao colaborador e/ou conselheiros comprar ações da empresa no futuro por um valor fixo, mesmo que o valor de mercado esteja mais alto. A... Saiba mais) muitas vezes colocam o interesse pessoal acima do coletivo. O riscoQuantificação e qualificação da incerteza, tanto no que diz respeito a perdas quanto aos ganhos, com relação aos acontecimentos planejados. É um desvio em relação ao esperado. É uma incerteza... Saiba mais é ignorado ou minimizado, desde que o número no fim do mês pareça bom.
- Atividades de Controle
São os procedimentos que colocam o controle em prática: aprovações, verificações, segregação de funções.
O problema? Controles que existem só no papel. Na prática, são ignorados ou burlados até por quem deveria liderá-los. Resultado? Falsa sensação de segurança e governança que não se sustenta.
- Informação e Comunicação
Boas decisões só são possíveis com informações confiáveis, completas e no tempo certo.
O problema? Quando dados são omitidos, distorcidos ou usados apenas para confirmar decisões já tomadas. Sem transparênciaÉ o que se pode ver através, que é evidente ou que se deixa transparecer. É a virtude que impede a ocultação de alguma vantagem pessoal. Saiba mais e independência nas áreas de controle, os colegiados perdem poder real de supervisão.
- Monitoramento Contínuo
Controles não podem ser estáticos. Precisam ser revistos constantemente.
O problema? O foco geralmente está só no início da relação, seja com clientes, fornecedores ou colaboradores. Mas e depois? Imagine um cliente que vira PEP (Pessoa Politicamente Exposta) após uma eleição, na reavaliação ele deveria mudar de perfil de risco. Sem o monitoramento e a reavaliação contínua esse tipo de mudança passa despercebido.
Outros pontos críticos revelados por esses casos:
- Remuneração variável mal desenhada, com metas desconectadas da realidade e sem validação dos dados.
- Conselhos de Administração passivos ou mal-informados, que não exercem seu papel de questionar, fiscalizar e direcionar.
- Falta de reação aos sinais de alerta. Quando algo parece errado, ignorar é a pior decisão.
O que tudo isso nos ensina?
Controles internos eficazes não são burocracia, são ferramentas de governança. Quando bem aplicados, ajudam a garantir a longevidade da empresa:
Integridade, transparência, accountabilityTermo em inglês que pode ser traduzido como responsabilidade com ética e remete à obrigação, à transparência, de membros de um órgão administrativo ou representativo de prestar contas a instâncias controladoras ou a seus representados.... Saiba mais, sustentabilidade e equidadeCaracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos, levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. Disponível em: https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-corporativa acesso em:06/04/2021... Saiba mais.
Eles não funcionam sozinhos. Precisam estar integrados à cultura da organização, com apoio da liderança, revisão constante e decisões coerentes com os valores que a empresa diz praticar.