BlogPasso a passo para trabalhar com compliance.

À medida que 2026 se aproxima, o universo de compliance está longe de permanecer estático. Regulamentações mais densas, avanços tecnológicos acelerados e expectativas elevadas por parte de stakeholders convergem para transformar o papel das áreas de compliance em um motor estratégico de governança. A seguir, destacamos quatro grandes tendências que merecem atenção e que podem definir a agenda de programas de compliance robustos.

  1. Inteligência Artificial como Núcleo da Governança e dos Controles

A adoção de IA nos programas de governança, risco e compliance (GRC) já avançou, mas em 2026 veremos uma nova etapa: da IA assistente para a IA atuante. Ou seja, sistemas capazes não apenas de gerar relatórios ou apoiar decisões, mas de iniciar workflows, monitorar controles em tempo real e recomendar ou até executar correções sob supervisão humana.

Por exemplo, imagine um sistema que detecta automaticamente uma violação de política, gera um relatório, aciona responsáveis e acompanha a correção — tudo com registro de auditoria. Esse tipo de automação reduz lacunas e acelera a reação a riscos emergentes.

Mas atenção: isso demanda nova governança para a própria IA. Modelos, algoritmos, automações precisam ser auditáveis, explicáveis, com trilha clara de responsabilidade. Esse é um dos desafios centrais.

  1. Regulação em Expansão e Novos Domínios de Compliance

Em 2026, as áreas de compliance precisarão lidar com máquinas, cadeias de suprimento, sustentabilidade e terceiros. A regulação global acelera, passando por normas emergentes de IA até os requisitos de ESG e cadeia produtiva.

Um exemplo concreto: será exigido que as empresas provem como implementam políticas de IA (explicabilidade), como gerenciam a resiliência operacional e como seus fornecedores atendem padrões de ESG.

Assim, compliance deixa de lado o foco exclusivo em “o que está feito” e passa a responder “como isso foi feito, quem é responsável, quais as evidências”.

  1. Integração, Automação e Visão Holística de GRC

Uma das queixas recorrentes na governança corporativa é a fragmentação entre compliance, auditoria, risco, TI / segurança da informação. Para 2026, a tendência é clara: GRC integrado.

Essa visão exige que os programas de compliance não estejam isolados, mas alinhados à estratégia, operação, tecnologia e cultura. Controles internos, risco de fornecedores, continuidade de negócio, segurança cibernética, todos devem estar conectados e apoiados por tecnologia que permita monitoramento constante, simulações de risco e resposta rápida.

Para quem atua com programas de compliance, esse é o momento de revisar os fluxos, eliminar silos, reforçar o direcionamento de que compliance é parte da execução organizacional.

  1. Cultura, Ética e Foco Humano no Centro

Apesar de todo o foco em tecnologia e automação, a tendência mais relevante talvez seja o reconhecimento de que a cultura e o comportamento humano continuarão sendo o foco da conformidade. Em 2026, as organizações que melhor atuarem serão as que integrarem tecnologia e ética, controle e propósito.

Sistemas de IA poderão mapear comportamentos, detectar anomalias em climas internos, apontar risco, mas cabe à liderança transformar esses insights em ações. A “cultura de integridade” deixa de ser apenas tema de treinamento e passa a ser monitorada, medida e vinculada ao desempenho.

Além disso, a transparência para stakeholders impõe que compliance seja visto não só como barreira, mas como valor gerador de confiança. Essa mudança de mentalidade é uma das grandes alavancas desta nova era.

Como se Preparar Hoje para 2026?

Para não ser pego de surpresa, recomendamos os seguintes passos práticos:

  • Avalie sua arquitetura de GRC: há silos? sistemas desconectados? decida agora integrar e automatizar!
  • Mapeie os riscos emergentes: IA, cadeia de fornecedores, requisitos de ESG e resiliência operacional devem estar no radar de compliance.
  • Desenvolva governança para tecnologia: se IA vai atuar, defina quem responde por ela, como auditá-la, como garantir seus resultados éticos.
  • Reforce a cultura de integridade: mensure clima, engaje lideranças, vincule ética à performance e torne a conformidade parte da operação, não só da verificação.
  • Conecte compliance à estratégia organizacional: compliance não é custo, é diferencial. Posicione-o como uma área criadora de valor e confiança.

Em resumo: 2026 será o ano em que compliance deixará de ser apenas obrigação para ser um dos pilares da competitividade organizacional. Quem investir em tecnologia inteligente, estruturas integradas, cultura sólida e capacidade de adaptação estará em vantagem.