A transformação digital deixou de ser uma opção estratégica e se tornou um imperativo para a sobrevivência de corporações de todos os tamanhos. Entretanto, para organizações altamente reguladas, o grande desafio é escalar as operações digitais sem amplificar os riscos de complianceSubstantivo advindo do verbo to comply (agir de acordo, cumprir, obedecer). Estado de estar de acordo com as diretrizes ou especificações estabelecidas pela lei ou regras, políticas e procedimentos de.... Isso porque muitas companhias buscam agilidade através do uso de soluções modernas de gestão de projetos e de automação de workflows. Todavia, tal abordagem pode se converter em uma armadilha, caso falhe em considerar os rigorosos requisitos de agências como AnvisaAgência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): órgão responsável por fiscalizar normas e procedimentos ligados à saúde, por meio do controle da produção de produtos, serviços e ambientes.... e FDA (Food and Drug Administration).
Essas ferramentas, apesar de serem efetivas em seus nichos, não oferecem trilhas de auditoriaÉ um processo de verificação e análise de atividades desenvolvidas por uma determinada empresa. O seu objetivo principal é examinar se elas estão de acordo com o que foi planejado... robustas, validação e controles de segurança necessários para garantir a conformidade. Essa lacuna tecnológica ameaça colocar a empresa numa situação de riscoQuantificação e qualificação da incerteza, tanto no que diz respeito a perdas quanto aos ganhos, com relação aos acontecimentos planejados. É um desvio em relação ao esperado. É uma incerteza... regulatório, em que potenciais ganhos podem ser comprometidos por falhas de aderência às normas. Por isso, a verdadeira transformação não se encontra na digitalização superficial dos processos, mas, sim, na escolha de uma arquitetura tecnológica capaz de unir eficiência e compliance desde a sua concepção.
O mito da solução pontual: por que ferramentas isoladas não resolvem o problema real?
Segundo a Gartner, dados de má qualidade custam, em média, US$ 12,9 milhões por ano por organização. Nesse cenário, é comum as organizações fomentarem a crença de que um conjunto de soluções de gestão de projetos pode ser costurado para formar um ecossistema digital coeso e em conformidade. Mas isso é nada mais do que um erro estratégico fundamental: uma abordagem que cria um labirinto de sistemas desconexos, cada um operando em um silo. Desse modo, se cria uma situação em que a equipe fica sem visibilidade de ponta a ponta ou o controle exigido pelas agências reguladoras.
O apelo é compreensível, afinal, são as ferramentas de gestão que prometem uma implementação rápida e ganhos imediatos na eficiência dos departamentos. Entretanto, essa percepção de agilidade tem um custo alto e, muitas vezes, escondido: a dispersão de dados e processos essenciais, que introduz imensa complexidade operacional e expõe a empresa a riscos regulatórios, perceptíveis apenas em auditorias ou avaliações de conformidade. Na prática, essa falta de integração pode gerar problemas estruturais, transformando a promessa de agilidade em vulnerabilidade.Sem conexões nativas entre sistemas, as trilhas de auditoria e os relatórios permanecem fragmentados, dificultando a governança e ampliando a superfície de risco regulatório.
Digitalizar vs. Transformar: automatizar um processo defeituoso ou repensá-lo para ganhar verdadeira eficiência
Insisto que a questão central está na confusão entre a digitalização superficial e a genuína transformação. Se nós automatizamos um processo quebrado e manual, ele somente terá um mau desempenho em maior velocidade e escala. Assim, a verdadeira transformação requer o desmonte e a reimaginação do processo em si antes da tecnologia ser aplicada a ele. Isso evita a criação de dados desconexos, onde ferramentas de front-end vistosas criam uma fachada hiper digitalizada que contrasta com um back-end que sofre com dados de baixa qualidade e problemas de integração. No final das contas, isso acaba por atrapalhar a tomada de decisões baseada em dados reais.
Embora APIs e conectores sejam ferramentas essenciais, elas representam uma abordagem fragmentada para um problema que exige uma solução arquitetônica integrada e contínua. A verdadeira integração não é sobre conectar sistemas separados, mas sim operar desde o início em um ambiente unificado. Uma plataforma unificada elimina as barreiras artificiais entre governança, risco, compliance, gestão de qualidade e a execução de projetos.
Entretanto, também devo alertar que a adoção tecnológica não garante consistência. Dados da PWC mostram que quase metade das organizações já utiliza tecnologia em múltiplas atividades de compliance, com 49% reportando uso em 11 ou mais atividades. Apesar disso, um problema estrutural persiste: 38% apontam a falta de dados e tecnologia como o maior desafio na área. Assim, investir em ferramentas pontuais não é o mesmo que alcançar uma governança integrada: sem uma plataforma unificada que assegure qualidade e consistência dos dados, ganhos operacionais ficam fragmentados e a visibilidade necessária para auditorias e decisões gerenciais permanece comprometida.
Isso só corrobora com as vantagens de usar uma plataforma unificada, que incluem a eliminação de transferências manuais, a garantia de fidelidade dos dados e uma visibilidade holística – que proporciona uma visão panorâmica e em tempo real de como riscos, projetos e atividades de conformidade se inter-relacionam.
A conformidade é resultado de uma arquitetura estratégica
Diante do exposto, concluo que a arquitetura unificada deixou de ser uma opção e se tornou um imperativo estratégico para garantir a conformidade contínua com escalabilidade segura. Como líderes, devemos priorizar investimentos em plataformas com governança nativa e trilhas de auditoria. Essa escolha reduz risco regulatório e habilita decisões mais rápidas e confiáveis. Ao adotar tecnologia, com controles incorporados, ganhamos resiliência e agilidade. Portanto, é imperativo nos comprometermos a liderar essa transformação, usando dados unificados e gestão de riscoModelo de gestão que visa minimizar detectar todos os possíveis riscos de perdas dentro de uma empresa, tanto tangíveis, quanto intangíveis. para garantir a vantagem competitiva.
Fernando Engelmann, diretor de tecnologia da SoftExpert.