Ação do Ministério Público do Trabalho acusa montadora e empresas terceirizadas de tráfico de pessoas e exige pagamento de R$ 257 milhões por danos morais coletivos para mais de 200 operários.
Por Redação, com DW – de Brasília
O Ministério Público do Trabalho (MPT) anunciou na terça-feira que ingressou com uma ação civil na Justiça contra a montadora de automóveis chinesa Build Your Dreams (BYD) por trabalho escravo e tráfico de pessoas.
O MPT comunicou que o processo também se estende às empresas de construção China JinJiang Construction Brazil e Tonghe Equipamentos Inteligentes do Brasil (atualmente designada Tecmonta Equipamentos Inteligentes Brasil), que prestavam serviços exclusivos para a BYD no Brasil.
A ação ocorre pouco menos de seis meses depois de o MPT anunciar ter encontrado 220 trabalhadores chineses em situação análoga à escravidão. Segundo o MPT, eles haviam sido contratados para construir a fábrica da BYD no município de Camaçari, no estado da Bahia.
“Todos os 220 trabalhadores entraram no país [Brasil] de forma irregular, com visto de trabalho para serviços especializados que não correspondiam às atividades efetivamente desenvolvidas na obra”, destacou o MPT.
No canteiro de obras do edifício industrial da BYD, agentes públicos relataram que encontraram trabalhadores amontoados em alojamentos sem as mínimas condições de conforto e higiene, com presença de vigilância armada e retenção de passaportes. “As condições de trabalho eram extremamente degradantes”, apontou o MPT.
De acordo com o MPT, os trabalhadores chineses resgatados no Brasil teriam sido mantidos com contratos de trabalho com cláusulas ilegais, jornadas exaustivas e sem descanso semanal e sujeitos a riscoQuantificação e qualificação da incerteza, tanto no que diz respeito a perdas quanto aos ganhos, com relação aos acontecimentos planejados. É um desvio em relação ao esperado. É uma incerteza... de acidentes por negligência às normas de saúde e segurança no trabalho.
O MPT também exige que as empresas façam a quitação das verbas rescisórias devidas, além de cumprirem as normas brasileiras de proteção ao trabalho e a não submeter trabalhadores ao tráfico de pessoas e ao trabalho escravo.
O órgão ainda pede uma multa de R$ 50 mil para cada item não cumprido, multiplicado pelo número de trabalhadores prejudicados.
Outro lado
Em outubro de 2024, o MPT iniciou a fiscalização das condições de trabalho na fábrica da BYD em Camaçari, após receber uma denúnciaAto pelo qual alguém leva ao conhecimento dos responsáveis um fato contrário à lei, à ordem pública ou a algum regulamento, que seja e suscetível de punição ou correção.... anônima. Quando o incidente se tornou conhecido, a BYD anunciou a rescisão de um contrato com o Jinjiang Group e declarou que “não tolera desrespeito à lei brasileira ou à dignidade humana”.
“A empresa reafirma seu respeito pelas instituições brasileiras e sua disposição em colaborar plenamente com as autoridades para demonstrar que suas operações no país estarão sempre em conformidade com as exigências legais e regulamentares”, disse a BYD na época.