Nos últimos meses, o debate sobre complianceSubstantivo advindo do verbo to comply (agir de acordo, cumprir, obedecer). Estado de estar de acordo com as diretrizes ou especificações estabelecidas pela lei ou regras, políticas e procedimentos de... nas fintechs deixou de ser uma discussão técnica para se tornar um divisor de águas. A nova Instrução Normativa da Receita Federal, que equipara fintechs e instituições de pagamento aos bancos tradicionais em termos de transparênciaÉ o que se pode ver através, que é evidente ou que se deixa transparecer. É a virtude que impede a ocultação de alguma vantagem pessoal. e prestação de contas, marca um novo capítulo no amadurecimento do ecossistema financeiro brasileiro.
Na prática, o que antes era visto como um diferencial competitivo agora é questão de sobrevivência.
Por muito tempo, o discurso da inovação serviu de escudo para justificar a falta de estrutura regulatória. A flexibilidade foi fundamental para abrir espaço à concorrência e democratizar o acesso a serviços bancários, reduzindo tarifas e ampliando o crédito. Mas o mesmo terreno fértil que estimulou a inclusão financeira também permitiu o crescimento de práticas irregulares, usadas por organizações criminosas que se aproveitaram das brechas do sistema. Não tinha como o resultado ter sido outro, com uma onda de investigações criminais.
O setor precisava de um novo nível de controle, não há como negar. Até mesmo as principais entidades que representam as fintechs no Brasil concordam, como a Associação Brasileira das Fintechs (Abfintechs) e a Zetta, que engloba nomes como Nubank, PicPay, Neon e Mercado Pago.
Contudo, a nova realidade não atinge todas as instituições financeiras da mesma forma. Segundo a A&S Partners, o custo de adequação à normativa pode fazer com que até 15% das fintechs do país encerrem as atividades nos próximos meses.
É uma consequência inevitável para alguns, mas não para todos. Agora é o momento de encerrar inteiramente o ciclo de informalidade e criar maturidade institucional. As empresas terão de investir pesado em sistemas internos, auditorias e tecnologia para garantir rastreabilidade total de suas operações. Caro, mas necessário — e, com os parceiros certos, possível.
É compreensível que, para alguns, as novas regras pareçam um fardo. Mas o movimento é saudável. Em qualquer mercado que amadurece, há um momento em que a consolidação se impõe. Empresas sólidas, com processos claros e controles robustos, seguirão crescendo. As demais, que ainda operam de forma improvisada, ficarão pelo caminho.
O mais importante é entender que a exigência de compliance não é um freio à inovação, mas uma condição para que ela seja sustentável. Transparência e governança não são inimigos da criatividade; são garantias de continuidade, especialmente neste setor. Quando um ecossistema financeiro se torna mais rastreável, ele atrai confiança, reduz riscos reputacionais e amplia as oportunidades de investimento. Essa é a lógica que vem moldando o mercado global, e o Brasil está apenas se alinhando a ela.
O impacto será sentido também na dinâmica de mercado. É provável que vejamos um aumento nas fusões e aquisições, à medida que empresas menores busquem se unir a grupos mais estruturados para dividir custos e fortalecer sua posição. O resultado pode ser muito mais positivo do que se imagina para o cenário brasileiro.
No fim, o recado é simples: compliance agora é o coração estratégico das fintechs, sem tirar nem pôr. Aquelas que entenderem isso mais rápido terão vantagem competitiva. As que resistirem, alegando burocracia ou perda de agilidade, correm o riscoQuantificação e qualificação da incerteza, tanto no que diz respeito a perdas quanto aos ganhos, com relação aos acontecimentos planejados. É um desvio em relação ao esperado. É uma incerteza... de se tornarem irrelevantes. O futuro do setor pertence a quem souber equilibrar inovação com responsabilidade, como sempre deveria ter sido.
Leonardo Moreira Gomes é cofundador e CEOChief Executive Officer (CEO): O Chefe Executivo da empresa, conhecido também como Diretor Executivo, Diretor Geral e Diretor Presidente ou Presidente. da Paytime, fintech white label e no-code por assinatura que tem como objetivo democratizar o mercado de pagamentos e serviços bancários no Brasil.