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No dia 26 de junho, ocorreu a 3ª Edição do Fórum Women in Leadership, promovido pela Harvard Business Review Brasil, na Casa Itaim, em São Paulo.

 

Palestra de Saadia Zahidi

A keynote speaker foi Saadia Zahidi, membro do Comitê Executivo do World Economic Forum e diretora de Educação, Gênero e Trabalho da instituição, coautora do “Global Gender Gap Report”, uma referência em pesquisa global sobre a lacuna de paridade entre mulheres e homens. Seu tema foi a equidade de gênero e o futuro do trabalho.

Saadia expôs o problema mundial da desigualdade de gênero encontrada no ambiente de trabalho. Apresentou estatísticas importantes, como a de que pelos cálculos do Fórum Econômico Mundial, a equidade de gênero apenas será alcançada daqui a 217 anos, número muito acima do respondido pela plateia, que achou que precisaríamos “apenas” de 100 anos.

Apesar disso, Saadia está otimista. Segundo ela, a América Latina tem feito um bom trabalho nos últimos anos. Ela também salientou que, mundialmente, mais mulheres se formam nas universidades, embora o número de homens no mercado de trabalho ainda seja maior. As pesquisas do World Forum também mostram que a segmentação dos gêneros por atividade ainda é muito comum, ou seja, ainda há mais homens nas áreas de matemática, física e de tecnologia e mais mulheres nas áreas administrativas.

Saadia enfatizou que a 4ª Revolução Industrial – que trouxe a era digital para a realidade de empresas e pessoas – já está mudando completamente a forma de se trabalhar no mundo, e que este assunto não é mais “do futuro”, mas sim “do presente”.

Em pesquisa recente com CEOs de grandes empresas, a maioria afirmou que já sente os impactos da revolução digital e que serão afetados drasticamente até 2020.

Saadia explicou ainda que as habilidades necessárias para as profissões do futuro estão mudando de acordo com as disrupções que ocorrem nos setores da economia e que essas habilidades são predominantemente de relacionamento humano e criatividade.

Ao ser perguntada pela plateia, Saadia respondeu que para promover a diversidade deve haver alto comprometimento da empresa com o tema, para que ele não seja apenas falado, mas também praticado. Deu como dica a prática de recrutamento de “blind CV”, ou seja, currículo cego, onde o recrutador não sabe se aquele candidato é homem ou mulher no primeiro momento, para analisar o (a) candidato (a) apenas considerando suas habilidades, não sendo influenciado, nem mesmo indiretamente, por seu gênero.

 

Painel – O poder da minoria

Luciana Camargo, general manager & managing partner para GBS Latin America na IBM, falou sobre a participação da mulher no mercado de trabalho com a bagagem de quem trabalha em uma empresa de tecnologia tradicionalmente liderada por homens.

Reforçou a importância do exemplo e a falta de modelos femininos; que a máxima da frase da Merry Writer é verdadeira “You can be what you can see” (em tradução livre: você pode ser o que pode ver), e que temos que ser protagonistas deste movimento.

Citou como uma iniciativa de sua organização a extensão de licença paternidade, inclusive para casais homoafetivos, uma iniciativa que deu oportunidade aos homens de participarem e estarem mais disponíveis nesse momento familiar tão importante.

 

Painel – Programas de Sucesso

Anna Paula Rezende, diretora executiva de Talentos e Sustentabilidade América do Sul da WHITE MARTINS; Bárbara Galvão, DHO, responsável por Diversidade na UNILEVER; Ana Costa,vice-presidente jurídica de Relações Governamentais e líder da Rede pela Diversidade da AVON e Fátima Gouvêa, superintendente de RH, gestora Diversidade do SANTANDER, representaram suas empresas no painel que apresentou experiências e práticas de grandes corporações relativas a diversidade e equidade de gênero.

Um tema comum percebido na fala de todas foi como as empresas tem trabalhado para combater o “viés inconsciente”, que segundo o Santander, é definido como “conjunto de estereótipos que mantemos sobre diferentes grupos de pessoas a partir de situações e experiências que vivenciamos ao longo da vida, como memórias de infância, conversas com amigos e até mesmo notícias que vimos na televisão”.

Todas concordaram que para a promoção da diversidade nas empresas, alguns pontos devem ser trabalhados:

  • desenvolvimento de cultura
  • utilização de boa comunicação
  • envolvimento e comprometimento dos homens

Foi interessante identificar que uma das empresas já fez com que metas de diversidade impactem no bônus pagos a seus executivos, o que gera uma política de incentivos adequada para a promoção do tema.

 

Painel – A contribuição dos homens para o fim do gap da paridade de gênero

Por fim, os homens subiram ao palco para falarem sobre a contribuição e responsabilidade masculina na promoção da diversidade.

Rubens Weg, general manager da BAYER, André Villac Abucham, CEO da ENGEFORM eMauricio Pordomingo, vice president Human Resources da PEPSICO BRASIL expuseram suas experiências pessoais e corporativas sobre o tema.

Todos exaltaram a importância da mudança da cultura organizacional como meio para alcançar menor desigualdade entre os colaboradores, concordando que medidas práticas como treinamentos (muitas vezes lúdicos), políticas claras e exercício do exemplo pela liderança são o caminho para garantir adesão às regras de diversidade

O evento deixou um gostinho de “quero mais” para os presentes, que com certeza saíram inspirados e ansiosos para o próximo encontro que ocorrerá em setembro, na Harvard Business Brasil Week – que ocorrerá entre os dias 24 e 28, na Fecomercio, em São Paulo (Mais informações: http://eventoshbr.com.br/).

Alexandra Priscila e Gabriela Najjar, com Camila Gullo
Camila Gullo com Juliana Oliveira
Camila Gullo com Teresa Cristina

Camila Gullo

Pós-graduada em Petróleo e Gás pela UFRJ. Advogada no Rio de Janeiro. Fundadora da plataforma CompliancePME. Aluna do LL.M. em Direito e Prática Empresarial pelo CEU Escola de Direito.

e-mail: camila.gullo@ribeirodaluz.com.br | LinkedIn

Publicado na CompliancePME em 12 de julho de 2018