Após a intensa aceleração digital promovida pela pandemia, que cada vez mais leva empresas a investirem em tecnologia, a inovação têm sido a palavra do momento. O conceito entrou em pauta e no DNA de inúmeras companhias — ou, pelo menos, tem a intenção de ser algo necessário dentro dos negócios. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Consultoria Palas: 70% das empresas brasileiras sabem a importância e a necessidade de inovar, algo que exige um setor especializado ou um comitê dedicado à pesquisa e ao desenvolvimento dos negócios.

No entanto, ainda que a porcentagem de empresas que entendem a importância dos negócios seja alta, a quantidade de corporações que, de fato, investem em um setor especializado para inovação é baixa: apenas um terço das pesquisadas. O estudo entrevistou 60 companhias nacionais e multinacionais, tendo como base que metade delas é de grande porte, em diferentes setores de atuação — construção civil, finanças, energia, saúde, transporte, logística e telecomunicação.

Em números gerais, o estudo mostra que 55% das empresas entrevistadas possuem um departamento de inovação, 15% têm um comitê de inovação e 30% não possuem nada.

“A falta de uma governança para a inovação tem feito com que a maioria das empresas até saiba aonde quer chegar, mas não faça a menor ideia do que fazer para alcançar seus objetivos. É como se escolhêssemos um destino, mas não traçássemos a rota que nos levará até ele”, alerta Alexandre Pierro, sócio-fundador da PALAS.

As empresas reconhecem a importância da inovação, mas não a aplicam

Segundo dados da pesquisa, entre as empresas que possuem ao menos alguma estrutura para inovação, pesquisa e desenvolvimento, somente 43% possuem laboratório próprio, algo que facilita o processo. Além disso, o estudo salienta que 33% das empresas que investem em inovação mantém algum convênio com startups.

Ainda dentro do conceito de pesquisa e desenvolvimento, embora o Brasil tenha um histórico elevado de desenvolvimento em negócios dentro de suas universidades, apenas 25% das empresas que investem em inovação sustentam parcerias com elas.

“É como se essas empresas estivessem dirigindo com o olho apenas no retrovisor. Não se constrói o futuro com base no passado. É preciso antecipar comportamentos e se preparar para os clientes do futuro”, enfatiza Marília Cardoso, também sócia-fundadora da PALAS.

Entre as empresas que investem ativamente no desenvolvimento, apenas 13% dispõem de um programa de formação, visando uma cultura de inovação. 50% delas afirmam, no entanto, que fizeram algum treinamento esporádico, porém sem estrutura bem definida. O estudo destaca, ainda, que 15% delas não fizeram nenhum evento ou treinamento para disseminar conhecimento sobre o tema.

Esse despreparo em boa parte das companhias, vale destacar, também atinge os cargos mais altos. Mais de 46% das empresas entrevistadas afirmaram que nem mesmo os líderes passam por treinamentos sobre inovação.

Métodos de inovação e consequências

As consequências da falta de uma área dentro das empresas destinada à inovação já eram notórias antes da pandemia. Agora, entretanto, estão expostas: 38% das corporações afirmam não ter um funil de inovação, enquanto 26% o têm, mas de forma parcial, sem etapas bem definidas.

Como justificativa para a falta de investimento em inovação, muitas das empresas destacam que faltam recursos financeiros: 35% delas afirmam que não têm o necessário para inovar. Para 43% delas, o recurso financeiro não é exatamente o maior problema e sim a definição clara sobre a quantia disponível.

Assim, sem o preparo necessário para a inovação de fato, grande parte das empresas fazem uso de outros métodos. O estudo mostra que 25% delas prevê as tendências por meio de pesquisas de mercado e 17% confiam nas experiências passadas para antevê-las.

Entre as metodologias utilizadas, 80% das corporações utilizam o Brainstorming para desenvolver inovação, 60% usam o Design Thinking e 58% fazem uso do Agile. Ferramentas mais inovadoras, como Six Hats e Lego Serius Play, ainda são pouco utilizadas, por 6% e 3% respectivamente.

Notícia publicada originalmente no Consumidor Moderno.

Publicado na CompliancePME em 14 de junho de 2021