O compliance ambiental está se consolidando como prioridade estratégica no ambiente corporativo brasileiro. Em 2024, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou regras que obrigam empresas de capital aberto a divulgarem informações detalhadas sobre suas políticas ESG – ambientais, sociais e de governança. A medida representa um avanço regulatório que vincula sustentabilidade à conformidade legal, exigindo das empresas maior responsabilidade e transparência em suas operações.

Esse novo cenário desafia o setor privado a fortalecer suas práticas de compliance ambiental, especialmente diante da crescente pressão por responsabilidade legal nas ações sustentáveis. Segundo levantamento da KPMG, divulgado em maio de 2024, 68% das empresas brasileiras ainda enfrentam dificuldades para integrar as exigências jurídicas às suas estratégias ESG – um dado que revela o desafio da adaptação à nova realidade regulatória.

Direito ambiental ganha protagonismo nas práticas ESG
Casos recentes de autuações ambientais envolvendo grandes companhiastêm reforçado a necessidade de estruturas mais robustas de compliance. A urgência de alinhar estratégias sustentáveis às normas legais não é apenas um imperativo ético, mas um requisito para garantir segurança jurídica, proteção reputacional e competitividade.

Segundo Flávio Lopes Linquevis, advogado especialista em Direito Ambiental e mestre em Legislação Ambiental pela Unicamp, “o alinhamento entre ESG e compliance jurídico deixou de ser tendência e tornou-se uma exigência estratégica. As organizações que se antecipam à regulamentação evitam passivos legais, ganham competitividade e fortalecem sua reputação diante de investidores e consumidores”.

O que é compliance ambiental e por que se tornou indispensável

O compliance ambiental é o conjunto de práticas e procedimentos que asseguram que a empresa esteja em conformidade com as leis, regulamentos e normas ambientais aplicáveis. Sua implementação envolve:

  • Cumprimento legal: seguir rigorosamente a legislação ambiental vigente;
  • Políticas internas: estabelecer diretrizes sustentáveis dentro da governança corporativa;
  • Monitoramento: criar mecanismos de controle para prevenir e corrigir infrações;
  • Remediação de danos: agir rapidamente em casos de impacto ambiental;
  • Responsabilidade socioambiental: integrar a sustentabilidade ao modelo de gestão.

Essas medidas reduzem riscos jurídicos, melhoram a imagem institucional e, muitas vezes, viabilizam o acesso a mercados que exigem certificações ambientais específicas.

Exemplos brasileiros de governança ambiental: Grupo M. Dias Branco e Natura
Um dos maiores cases nacionais é o Grupo M. Dias Branco, que figura pelo quinto ano consecutivo no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, evidenciando seu compromisso com o compliance ambiental. A companhia tem avançado em metas ambiciosas, como o uso de embalagens 100% sustentáveis e a eliminação total de resíduos enviados a aterros sanitários. NoCDP Clima, a companhia atingiu a pontuação máxima, integrando a seleta A-List – reconhecimento internacional que posiciona a M. Dias Branco como uma referência em sustentabilidade no setor alimentício brasileiro.

Outro exemplo de destaque no cenário corporativo brasileiro é o da Natura, que se consolidou como referência em compliance ambiental no setor de cosméticos. A empresa mantém rigorosos processos de rastreabilidade de insumos naturais, controle de emissões e auditorias ambientais periódicas.A política de transparência adotada pela marca fortaleceu sua imagem entre investidores e consumidores e garantiu acesso a mercados internacionais com exigências ambientais severas, como a União Europeia e o Mercosul.

Esse tipo de governança ambiental integrada comprova que o compliance não é custo, mas investimento estratégico em reputação e sustentabilidade de longo prazo.

Impactos estratégicos e novos padrões com compliance ambiental
Com o mercado financeiro cada vez mais atento à legalidade das ações ESG, empresas que adotam compliance ambiental de forma estruturada tendem a atrair investidores preocupados com boas práticas. Além disso, a transparência nesse aspecto já se tornou fator decisivo em licitações, contratos com o setor público e no relacionamento com stakeholders.

Mais do que cumprir normas, a prática passa a ser elemento-chave na construção de uma reputação sólida em sustentabilidade e inovação regulatória.

Disponível originalmente no https://economicnewsbrasil.com.br/2025/07/07/compliance-ambiental-politicas-esg/. Publicado na CompliancePME em 11 de julho de 2025