Com as recentes transformações impulsionadas pela pandemia de Covid-19, a economia digital tem se mostrado cada vez mais promissora e desafiadora. Se por um lado a economia global foi impactada pelo isolamento social e a interrupção de boa parte do setor produtivo, por outro, acelerou-se o processo de Transformação Digital de negócios, fazendo com que os empresários buscassem alternativas para a continuidade da atividade empresária, até a efetiva recuperação econômica.

Reinventar-se, transpor paradigmas, tomar decisões rápidas e assertivas, além de acompanhar diariamente o fluxo de caixa, passou a ser o novo normal. A necessidade por transformação atingiu não apenas o negócio principal, mas todas as áreas das companhias, não sendo diferente com os departamentos jurídicos, nos quais o modelo tradicional de organização, de pouca transparência, enormes quantidades de funcionários, falta de análise de dados, pouca atenção a números, baixo investimento em tecnologia e ineficiência operacional, não tem mais espaço.

As companhias precisam ser cada vez mais eficientes em tudo, inclusive em áreas conexas ao negócio. Por isso, para que o departamento jurídico seja um parceiro de negócio, e não uma empresa que gera apenas custos dentro de outra, é preciso repensar toda a sua organização, existência e funcionamento. Além de investimento em tecnologia, como implementação de dashboards, Inteligência Artificial e análise preditiva, atualmente, não há como pensar em um departamento jurídico eficiente sem a parceria de um BTO.

Isso acontece porque, dentre as atividades existentes, um tempo considerável da equipe ainda é despendido com tarefas não jurídicas, meramente operacionais e em grande parte essencialmente manuais. Assim, o BTO pode ser uma excelente opção para trazer economia, agilidade e segurança no apoio à rotina administrativo-jurídica, uma vez que possui recursos específicos que realizam não apenas o serviço repetitivo, mas o fazem com mais velocidade e acurácia.

Como se adaptar à complexidade exigida?
Apesar de desafiador, esse cenário traz consigo um avanço significativo no emprego da ética e respeito às normas jurídicas vigentes, tendo a tecnologia como ferramenta importante para a gestão e o acompanhamento de processos. Com isso, ela assume papel de protagonismo nos departamentos jurídicos, sendo implementada para identificação, mensuração e gerenciamento de dados, como aliada da gestão e como alavanca de negócios em todos os setores.

O avanço trazido pela LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (13.709/18) e das políticas anticorrupção (Lei 12.846/13) são um exemplo disso. Outra evidência são os canais de denúncia e reclamações, que saíram dos espaços tradicionais e se incorporaram às redes sociais, deixando a imagem das companhias mais exposta e sensível – um motivo adicional para as companhias tratarem o tema com prioridade, visando proteger não apenas o patrimônio, mas também a reputação perante seus clientes.

Como adotar um programa de compliance efetivo?
É importante ter em mente que a política de compliance exige a implementação de um processo de gerenciamento de risco e conformidade que esteja integrado ativamente à cultura e aos negócios da organização. A política adotada, alinhada ao uso de ferramentas tecnológicas, deve ser capaz de detectar e prevenir problemas de maneira contínua, por meio de um sistema a ser monitorado, mantido e alimentado com informações internas e externas.

Neste sentido, o Decreto 8.420/15, que regulamenta a Lei 12.846/13, elencou as bases para adoção de um programa de compliance efetivo, que envolvem: comprometimento da alta gestão; padrões de conduta, código de ética, políticas e procedimentos de integridade; treinamentos periódicos; análise de riscos; registros contábeis; controles internos; procedimentos para prevenir fraudes e ilícitos; independência, estrutura e autoridade da instância interna; canais de denúncia; medidas disciplinares em caso de violação do programa; procedimentos que assegurem a interrupção de irregularidades ou infrações; diligências apropriadas para contratação e supervisão de terceiros; verificação do cometimento de irregularidades ou ilícitos em processos de aquisição e fusão; monitoramento contínuo do programa; e transparência da pessoa jurídica quanto a doações para candidatos e partidos políticos.

A tecnologia entra neste processo para auxiliar o cumprimento de normas, com o objetivo resguardar a integridade da companhia. Ao serem implementadas em departamentos jurídicos, essas bases auxiliam a melhorar a eficiência na medida em que substituem paradigmas por dados concretos e resultados mensuráveis, padronizam procedimentos baseados em políticas claras e estruturadas, instituem mecanismos internos de auditoria e permitem a tomada de decisão de maneira mais assertiva e aderente aos anseios da companhia.

Quais as vantagens em integrar BTO e tecnologia ao departamento jurídico?
A combinação de integrar BTO e tecnologia traz inúmeras vantagens ao departamento jurídico. A primeira a ser destacada é a redução de custos, uma vez que uma parte considerável das atividades administrativas podem absorvidas otimizadas por meio de automação e robotização. Além disso, até mesmo as atividades manuais tendem a ser mais precisas e ágeis. Afinal, este é o core business das empresas de BTO.

Outra vantagem está em possibilitar ao departamento jurídico direcionar seus esforços para viabilizar o negócio da companhia, em vez de cuidar de micro procedimentos administrativos sem relevância jurídica direta. Como resultado tem-se o ganho de eficiência operacional a possibilidade de o diretor ou gerente jurídico elevar o nível de gestão.

O emprego desta combinação permite ainda a realização de um serviço seguro e ágil, com rastreabilidade do que cada usuário executou em sistema. Assegura não só a aderência às legislações em vigor, como também com o que há de mais atual em tecnologia. Além disso, pode garantir mais eficiência aos processos, mesmo que a empresa esteja operando com um time mais enxuto, sem gerar a precarização dos serviços.

Ou seja, na jornada de transformação dos negócios, a mudança de visão e o emprego de tecnologia são decisivos para a perpetuação da sociedade empresária. É preciso estar atento às mudanças e às alternativas viáveis para que todas as áreas contribuam com o aprimoramento das atividades internas da empresa.

A partir desta observação, e com base em mecanismos de inteligência de negócios, é possível integrar um bom software de gestão, um bom parceiro de negócio, uma equipe interna eficiente e formar um programa de compliance efetivo, começando pelo departamento jurídico. Isso ajuda prevenir comportamentos impróprios entre o time, otimiza tarefas, traz mais segurança operacional e mantém o departamento funcionando em conformidade com o que há mais moderno em gestão jurídica.

Por Magno Alves, gerente de BTO da Benner

 

Esta notícia foi publicada originalmente no Infor Channel

Publicado na CompliancePME em 21 de setembro de 2020