Em períodos de crise, quando as falhas internas ganham visibilidade pública, é o programa de complianceNo Brasil também conhecido como "programa de conformidade” ou "programa de integridade" , é o modelo para estruturação e aplicação de ações dentro de uma organização visando o cumprimento das... Saiba mais que diferencia quem resiste com credibilidade de quem perde espaço no mercado. Mas esse papel só se cumpre quando o programa é efetivo, técnico, e está inserido de forma consistente na cultura organizacional.
A avaliação é de Patricia Punder, advogada e CEOChief Executive Officer (CEO): O Chefe Executivo da empresa, conhecido também como Diretor Executivo, Diretor Geral e Diretor Presidente ou Presidente. Saiba mais da Punder Advogados. Para ela, a eficácia do complianceSubstantivo advindo do verbo to comply (agir de acordo, cumprir, obedecer). Estado de estar de acordo com as diretrizes ou especificações estabelecidas pela lei ou regras, políticas e procedimentos de... Saiba mais está diretamente ligada ao envolvimento da alta liderança e à aplicação prática das diretrizes. “O mercado não espera perfeição, mas coerência, transparênciaÉ o que se pode ver através, que é evidente ou que se deixa transparecer. É a virtude que impede a ocultação de alguma vantagem pessoal. Saiba mais e responsabilidade éticaConjunto de ações normativas que guia o comportamento de uma organização ou de um indivíduo, estabelecendo boas relações sociais. A ética é o estudo da moral. Saiba mais na resposta. E isso não se improvisa”, afirma.
Crises testam a governança
A última década mostrou, com operações policiais, escândalos corporativos e casos de exposição pública, que empresas com programas sólidos conseguem responder com mais agilidade e consistência. O compliance bem estruturado atua como sistema preventivo, fornecendo caminhos prontos de ação, responsabilidades mapeadas e critérios claros de apuração.
Durante investigações conduzidas por órgãos como CADE, CVMComissão de Valores Mobiliários (CVM): órgão responsável por fiscalizar o mercado de valores mobiliários no Brasil. Saiba mais e CGUControladoria Geral da União (CGU): é um órgão federativo de controle interno que atua na defesa do patrimônio e na transparência das receitas, despesas e atividades da gestão pública. Nos... Saiba mais, a existência de um programa robusto é considerada como fator atenuante, desde que demonstre efetividade prática — e não apenas formalização institucional.
Intenção não basta
A pesquisa de IntegridadeConjunto de escolhas que estejam em sintonia com as crenças pessoais e os valores da empresa, prezando pela ética nas tomadas de decisões. Saiba mais Corporativa, conduzida pela Deloitte em parceria com o Pacto Global da ONU no Brasil, mostra que 70% das empresas nacionais veem reputação e confiança como principais motivos para investir em compliance. Porém, muitas ainda não saíram do discurso.
Segundo o estudo, boa parte das companhias não conta com processos estruturados de monitoramento e resposta. A falta de canais de denúnciaAto pelo qual alguém leva ao conhecimento dos responsáveis um fato contrário à lei, à ordem pública ou a algum regulamento, que seja e suscetível de punição ou correção.... Saiba mais funcionais, de investigações internas técnicas e de responsabilização transparente compromete a capacidade de gerar confiança sustentável.
Compliance além do jurídico
Tratar o compliance como escudo legal é um erro comum no ambiente corporativo. Para Patricia Punder, o programa precisa ser visto como ferramenta de gestão de riscos. “A empresa que acredita que basta um código de condutaConjunto de normas para direcionar e disciplinar todos os colaboradores, estabelecendo os princípios culturais da empresa. Saiba mais no site e meia dúzia de treinamentos anuais está condenada à ineficácia”, afirma.
O programa efetivo exige mapeamento de riscos reais, due diligenceInvestigação com o intuito de se conhecer melhor uma determinada instituição, verificando - se todas as informações disponíveis sobre ela geralmente para se avaliarem riscos de uma transação ou qualquer... Saiba mais de terceiros com critérios claros, canais independentes, técnica forense nas investigações e, sobretudo, respaldo da alta liderança. O chamado tone at the topexpressão muito utilizada em Compliance para se referir ao “o exemplo vem de cima”, ou seja, o tom e diretriz dados pela direção da empresa, em relação à importância e... Saiba mais é apontado como elemento insubstituível para que o compliance funcione no longo prazo.
Ética sob pressão
A crise, independentemente de sua origem — reputacional, regulatória, financeira ou humana —, não é o momento de construir governança. É quando ela precisa funcionar. Empresas que internalizaram uma cultura ética já possuem diagnósticos, planos e fluxos operacionais preparados para reagir com consistência.
Lideranças que tratam o compliance como área estratégica — e não como obrigação burocrática — criam estruturas mais resilientes. “O CEO que ainda acredita que compliance é um custo e não um investimento, pode se surpreender quando a Polícia Federal bater à sua porta às 6 da manhã”, alerta Punder.
Conexão com o contexto social
Em tempos de ESGESG é uma sigla em inglês para “environmental, social and governance” (ambiental, social e governança, em português). Geralmente, ela é usada para se referir às práticas ambientais, sociais e de... Saiba mais, o compliance também precisa dialogar com temas como diversidade, direitos humanos e sustentabilidade. A sobrevivência da reputação exige não apenas aderência às normas, mas sintonia com as expectativas da sociedade.
O compliance contemporâneo é multidisciplinar e requer fluência regulatória combinada com leitura de contexto. CEOs que compreendem esse papel posicionam suas marcas com autoridade mesmo em meio a ambientes instáveis.
Crises não são exceção
Empresas que tratam a crise como uma anomalia tendem a ser surpreendidas com mais frequência. Para Patricia Punder, o papel do compliance é reduzir os impactos do inesperado, acelerar as respostas e preservar a legitimidade da organização. “Não se trata de compliance ‘para inglês ver’, mas de compliance para sustentar o amanhã”, conclui.