Muito se fala sobre Compliance. Inclusive, o termo se tornou mais conhecido quando a atriz Daniela Calabresa acionou o departamento para falar sobre um possível assédio por parte do diretor Marcius Melhem.

Mas do que se trata essa palavra complexa? Compliance tem a ver muito mais com saúde mental e economia de uma empresa do que se imagina. Sim, estamos falando da importância de regras e atitudes que auxiliem a vida de uma pessoa que trabalha na empresa.

A Compliance tem o intuito de cumprir regras e normas legais, mas vai muito além do que esse conceito. A atividade tem o intuito de lidar com a saúde mental do colaborador.

Recentemente, foi constatado que o Brasil vive um processo de “Demissão Silenciosa”, o motivo seria o excesso de trabalho e a dificuldade de lidar com muitos processos de perda financeira ao pedir demissão.

A demissão silenciosa consiste no desinteresse em continuar na empresa, mas não pede demissão, dessa forma diminui o trabalho e não lida com os problemas. A tendência vem acompanhada de outra, o aumento do Burnout.

De acordo com um estudo divulgado pelo Jornal Valor Econômico, feito pela Pulses, plataforma de gestão e engajamento, e a Vittude, plataforma de saúde mental corporativa, entre setembro de 2021 e maio de 2022, com 3 mil profissionais de pequenas, médias e organizações, de vários segmentos de atuação, chegou à conclusão de que 60% dos funcionários relataram estar sem disposição para trabalhar.

Muito se fala sobre desemprego no Brasil, mas a verdade é que o profissional na atualidade está em busca de formas diferenciadas de trabalho. O principal foco do trabalho nos dias atuais é o bem-estar. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de janeiro de 2020 a maio de 2022, houve cerca de 6,175 milhões de pedidos de demissão, sendo que dentre esses pedidos 1 de cada 3 desligamentos foram a pedido do trabalhador.

Reter profissionais está cada vez mais difícil. As novas gerações têm sede de mudança e desejam cada vez mais aliar qualidade de vida com crescimento pessoal e profissional.

Os mais jovens não querem mais ficar tanto tempo em um só cargo e desejam melhorias para suas áreas, estão dispostos a mudar o mundo e buscam empresas sustentáveis, não apenas quando o assunto é meio ambiente, mas principalmente quando o assunto são pessoas. Eles não querem ser vistos como descartáveis, mas desejam que suas necessidades sejam vistas.

Mas o problema vai além, a falta de Compliance atinge diretamente o bolso do empreendedor. A falta de pagamento correto de dados e até atitudes incorretas, como por exemplo, a falta de pagamento de horas extras, ou excesso delas, ou até mesmo incorreções na folha de pagamento ou omissões podem acarretar multas que vão de R$ 2.926,52 até R$ 292.650,52.

Pensar no todo da empresa, em especial, cuidar de pessoas na empresa, faz toda a diferença para a saúde física e mental do colaborador e muito mais importante para a saúde da empresa, seja financeira ou até produtiva. Afinal, quanto mais feliz estiver o funcionário melhor ele vai trabalhar. Fica a dica.

Euza Bispo, CEO da EB Treinamentos, consultoria trabalhista e previdenciária. Formada em Gestão de Recursos Humanos, pós-graduada em Cálculos Trabalhistas e MBA em Legislação Trabalhista e Direito Previdenciário. @eb_treinamentos

Publicada originalmente no site Mundo RH

Publicado na CompliancePME em 14 de outubro de 2022