*Por Christiane Bechara, sócia e Chief Finance Officer (CFO) da gestora KPTL

A função de compliance nas organizações tem sido frequentemente mal interpretada como uma função periférica, distante dos objetivos centrais e do funcionamento diário dos negócios. Esse conceito reducionista sugere que os profissionais de compliance são meros observadores externos, preocupados exclusivamente com o cumprimento de regulamentos e normativas.

No entanto, essa visão não reflete a realidade moderna do compliance, especialmente em um cenário onde a inteligência artificial (IA) está transformando rapidamente o ambiente corporativo. Precisamos desmistificar a ideia de que o compliance está fora do núcleo do negócio, destacando a importância dessa função e seu papel na promoção de uma cultura de integridade, especialmente na era da IA.

A transformação da percepção de compliance como uma função externa ao negócio começa com a educação e a conscientização dentro da organização. É fundamental que todos os colaboradores, desde a alta gestão até os níveis operacionais, entendam o papel crucial do compliance e como ele contribui para a sustentabilidade das empresas.

Promover uma cultura de transparência e ética, onde o compliance é visto como uma parte integrante e essencial do funcionamento da companhia, é um passo importante para mudar esse olhar.

Profissionais de compliance e governança não são apenas encarregados de garantir que a empresa siga leis e regulamentos, mas também de fomentar práticas empresariais éticas que sustentam a integridade e a reputação da organização. Eles colaboram estreitamente com outras áreas para identificar e mitigar riscos, otimizar processos e assegurar que as decisões estratégicas estejam alinhadas com princípios legais e éticos. E quando as coisas não saem tão bem, estão lá para apoiar e encontrar as melhores alternativas para determinada situação.

Ao integrar o compliance desde o início dos processos de planejamento e execução, essa equipe têm a capacidade de oferecer insights valiosos sobre como as regulamentações e padrões éticos podem influenciar as decisões estratégicas da empresa. Isso não apenas ajuda a prevenir problemas legais e éticos, mas também fortalece a posição competitiva da empresa ao garantir a confiança dos stakeholders e a busca pelas melhores práticas, minimizando riscos e maximizando oportunidades.

Disponível originalmente no site Startups.com.br. Publicado na CompliancePME em 24 de janeiro de 2025