A governança corporativaÉ o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e... está no centro das decisões que moldam o futuro das organizações. Com o crescimento das expectativas em torno de práticas ESGESG é uma sigla em inglês para “environmental, social and governance” (ambiental, social e governança, em português). Geralmente, ela é usada para se referir às práticas ambientais, sociais e de... (Environmental, Social and Governance), fica claro que a governança precisa evoluir para abranger uma perspectiva mais ampla de impacto. Não se trata apenas de conformidade ou de atender às demandas imediatas de stakeholdersPessoas ou grupos de pessoas com algum grau de envolvimento ou interesse em uma organização ou entidade, tais como empregados, clientes, fornecedores ou cidadãos que podem ser afetados por determinada..., mas também de antecipar e mitigar riscos que, muitas vezes, podem ser subestimados.
Uma pesquisa recente, realizada pela Deloitte, indica que empresas com práticas robustas de governança ESG apresentam um desempenho 20% superior em termos de retorno sobre o investimento (ROI) quando comparadas àquelas que ignoram esses fatores. O dado, por si só, revela a importância de uma governança que vá além do básico. No entanto, apesar desses números, muitas organizações ainda tratam ESG como um adendo, em vez de integrá-lo em suas estruturas de governança. Nesta integração, os componentes fundamentais da governança devem ser reforçados, tais como: integridadeConjunto de escolhas que estejam em sintonia com as crenças pessoais e os valores da empresa, prezando pela ética nas tomadas de decisões., transparênciaÉ o que se pode ver através, que é evidente ou que se deixa transparecer. É a virtude que impede a ocultação de alguma vantagem pessoal., equidadeCaracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos, levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. Disponível em: https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-corporativa acesso em:06/04/2021..., responsabilidade e a própria sustentabilidade.
A falta de identificação e mitigação de riscos que podem estar fora do radar da empresa, mas que, com o tempo, podem se transformar em crises de grandes proporções, é hoje um grande desafio. Esses são os riscos de baixa probabilidade, mas de alto impacto. As empresas que incorporam práticas de governança ESG de forma estratégica reduzem os custos associados a crises de reputação e operacionais, pois desenvolvem a capacidade de prever e se preparar para desafios que outras companhias considerariam improváveis.
Ronaldo Fragoso é vice-presidente da Diretoria do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP) e sócio da Deloitte
Além disso, o mercado está cada vez mais atento a essas questões, reforçando a necessidade de as organizações ampliarem sua perspectiva de impacto e garantirem que suas práticas de governança estejam alinhadas com as expectativas de um mercado que valoriza a sustentabilidade e a responsabilidade corporativaOs agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu....
Governança corporativa não é apenas sobre evitar erros e minimizar riscos – é sobre criar um ambiente em que os riscos são geridos de forma proativa e a empresa está preparada para liderar em um futuro sustentável. Líderes que entendem isso não apenas protegem suas organizações contra crises, mas também as posicionam para aproveitar novas oportunidades. A evolução da governança corporativa é essencial para que as organizações possam navegar pelos desafios atuais e futuros. Ao ampliar a perspectiva de impacto, os líderes não apenas cumprem sua responsabilidade, mas também garantem que suas organizações estejam preparadas para liderar de forma sustentável e inovadora. A questão não é se a governança ESG é importante – é como integrá-la de forma eficaz para maximizar o valor e mitigar riscos em um mundo em constante mudança.
Tema cada vez mais essencial diante de um ambiente de negócios dinâmico, a governança ESG tornou-se o elo entre os objetivos financeiros das empresas e as ações necessárias para a conformidade com as regras internas e externas. No caso do Brasil, as normas são bastante rígidas e exigem conhecimento altamente especializado.
Os modelos de governança ESG devem buscar alinhar os resultados esperados pela administração com a realidade cotidiana das corporações. Sem um modelo adequadamente desenhado e implementado, o riscoQuantificação e qualificação da incerteza, tanto no que diz respeito a perdas quanto aos ganhos, com relação aos acontecimentos planejados. É um desvio em relação ao esperado. É uma incerteza... de não alcançar os resultados esperados e de não atender às questões de conformidade é muito alto.
Para garantir o crescimento sustentável das companhias, as áreas de ESG precisam buscar a avaliação e o aperfeiçoamento contínuo das práticas de gestão e encontrar o ponto de equilíbrio entre as necessidades da empresa, as melhores práticas do mercado e o cumprimento das questões regulatórias. Atualmente, existe uma diversidade de assuntos de governança na pauta das empresas, incluindo os aspectos necessários para reporte ESG que impactam empresas de capital aberto e fechado.
A boa governança ESG envolve o desenvolvimento de um sistema de gestão que coordene as responsabilidades corporativas, as relações entre os órgãos externos, acionistas, o conselho de administração e a gestão das operações.
Tecnologias emergentes, como inteligência artificial/GenAI e robótica, poderão contribuir para a construção de uma governança ESG muito mais eficiente. Esses avanços permitirão que os profissionais utilizem ferramentas mais adequadas e precisas para o monitoramento, análise e geração de dados, proporcionando maior aderência ao processo de divulgação de informações financeiras e não financeiras, tanto internas quanto externas.
Autoria:
Ronaldo Fragoso é vice-presidente da Diretoria do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP) e sócio da Deloitte desde 2004, tendo mais de 30 anos de experiência em AuditoriaÉ um processo de verificação e análise de atividades desenvolvidas por uma determinada empresa. O seu objetivo principal é examinar se elas estão de acordo com o que foi planejado... e Consultoria Empresarial. Atualmente, é CGO (Chief Growth Officer) da Deloitte Brasil e professor convidado de Governança Corporativa na Universidade Mackenzie. É formado em Ciência da Computação (Universidade Mackenzie), com pós-graduação em Administração Geral, Finanças e Sistemas Integrados (CEAG-FGV); Mestre em Administração (EAESP-FGV). Possui cursos de especialização em Finanças (HBS – Harvard BusinessNegócio ou a atividade-fim da empresa. School) e Transformação Digital (UCD – Universidade de Dublin), e cursa Doutorado em Finanças (Universidade Mackenzie).
Maria Emília Peres é sócia na Deloitte, onde lidera iniciativas de inovação e sustentabilidade com foco em diversos setores e com foco na transição para uma economia de baixo carbono. Com mais de 17 anos de experiência no setor de mineração e uma sólida trajetória em consultoria estratégica, Maria Emília é uma referência em governança corporativa, ESG, e desenvolvimento de novas estratégias de negócios sustentáveis. Ela é reconhecida por sua habilidade em transformar desafios complexos em oportunidades de crescimento, sempre com um olhar inovador e focado no futuro dos negócios. Maria Emília é palestrante frequente em eventos internacionais e tem contribuído ativamente para discussões sobre o futuro da sustentabilidade e a descarbonização da indústria.