Em um cenário onde mudanças rápidas são praticamente rotineiras, é necessário se adaptar. E quem investe em governança corporativaÉ o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e... sabe que este é um princípio que está cada vez mais em ascensão e que gera valor a longo prazo.
Pensar nisso se tornou primordial para quem quer ter uma instituição sólida daqui para frente, pois de acordo com estudo da Right Management, colaboradores motivados e engajados são até 50% mais produtivos. E com este sistema, não só os funcionários são beneficiados, mas toda a estrutura organizacional.
O que é governança corporativa?
Em meados do século XX, período de efervescência cultural, social e financeira, muitas empresas estreitaram suas relações com o comércio internacional, abriram o seu capital e passaram a ter uma grande cartela de investidores e sócios.
Concomitantemente, a globalização proporcionou que as transações e negócios se acelerassem em ritmos nunca antes vistos. Esse contexto, por mais que trouxe avanços cujos resultados são notados até hoje, carregou consigo algumas problemáticas. Uma delas é o fato das lideranças terem se dispersado, gerando o sentimento de perda de controle nos executivos. Por isso, pagar a mais para investir em ações sustentáveis era um modo de retomar as rédeas e investir na longevidade da empresa.
E foi neste momento que surgiu o conceito de governança corporativa: sistema pelo qual as organizações são dirigidas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e demais partes interessadas, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
Para Olavo Rodrigues e João Castro, sócios da BR Rating – primeira agência de classificação de riscoQuantificação e qualificação da incerteza, tanto no que diz respeito a perdas quanto aos ganhos, com relação aos acontecimentos planejados. É um desvio em relação ao esperado. É uma incerteza... no Brasil, esse conceito também se baseia em uma matriz institucional que monitora os objetivos da empresa e que possui diversos benefícios, entre eles:
- Mitigar conflitos de agência;
- Estabelecer políticas;
- Melhor gerenciamento de riscos e sistema de complianceSubstantivo advindo do verbo to comply (agir de acordo, cumprir, obedecer). Estado de estar de acordo com as diretrizes ou especificações estabelecidas pela lei ou regras, políticas e procedimentos de...;
- Analisar os ambientes micro e macro;
- Visualizar oportunidades;
- Aumentar o valor da organização.
Priorizar uma gestão transparente, segundo os profissionais, traz pontos positivos para todos os envolvidos. Acionistas, clientes, fornecedores, colaboradores, comunidade e órgãos de governo criam laços com a empresa e passam a ter mais confiança.
“Se existe um bom sistema de governança, a organização está sendo direcionada e monitorada de forma efetiva e toma as correções de rumo necessárias. Além disso, se divulga seus resultados de forma tempestiva, isso contribui para um maior engajamento e satisfação dos colaboradores”, consideram Rodrigues e Castro.
Portanto, há uma mudança na visão que se tem do negócio de maneira positiva e se cria um círculo virtuoso que traz um melhor alinhamento para estratégias e resultados desejados. No jogo da governança corporativa, todos ganham.
Diretrizes básicas da governança corporativa
O IBGC, ao analisar o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, lista os princípios norteadores deste tipo de gestão, que são:
- TransparênciaÉ o que se pode ver através, que é evidente ou que se deixa transparecer. É a virtude que impede a ocultação de alguma vantagem pessoal.: disponibilize informações que sejam de interesse dos demais e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos.
- EquidadeCaracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos, levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. Disponível em: https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-corporativa acesso em:06/04/2021...: trate todos de forma justa e isonômica sem se esquecer de seus deveres, necessidades e expectativas.
- Prestação de contas (accountabilityTermo em inglês que pode ser traduzido como responsabilidade com ética e remete à obrigação, à transparência, de membros de um órgão administrativo ou representativo de prestar contas a instâncias controladoras ou a seus representados....): os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso e compreensível, assumindo integralmente as consequências de seus atos.
- Responsabilidade corporativaOs agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu...: zele pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduza as externalidades negativas dos negócios e suas operações e aumente as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional, etc.) no curto, médio e longo prazos.
Além do financeiro: as vantagens em conhecer seu papel na sociedade
Atualmente, investidores dão importância não só aos números, mas também às ações. E foi pensando nisso que a Organização das Nações (ONU), em seu relatório “Who Cares Wins” (2005), cunhou o termo “Environmental, social and governance” (ESGESG é uma sigla em inglês para “environmental, social and governance” (ambiental, social e governança, em português). Geralmente, ela é usada para se referir às práticas ambientais, sociais e de...).
A sigla, que em português significa “ambiental, social e governança” elenca os três pilares com os quais as empresas devem apoiar e dar atenção especial a fim de demostrar que está atenta à necessidade de ser sustentável de diversas formas.
Uma amostra dos reflexos da ESG já foi identificada por estudo da consultoria BCG. A pesquisa revelou que empresas que adotaram melhores práticas nesses ramos notaram impactos positivos, como maior lucratividade e melhora em seu valor de mercado ao longo do tempo. Ou seja, estes ideais são muito mais do que apenas palavras.
“O aumento significativo de investimentos com políticas ESG torna a governança corporativa um aspecto ainda mais crucial, pois o sistema desempenha um papel transversal. Ela integra esses três elos de forma consistente e equilibrada para atender as expectativas dos stakeholdersPessoas ou grupos de pessoas com algum grau de envolvimento ou interesse em uma organização ou entidade, tais como empregados, clientes, fornecedores ou cidadãos que podem ser afetados por determinada..., bem como as demandas da sociedade por maior responsabilidade corporativa e socioambiental”, afirmam Olavo Rodrigues e João Castro.
Acompanhar as transformações para melhor liderar
Considerando as constantes atualizações que ocorrem no mercado financeiro, as boas práticas calcadas nesse tipo de governança independente e responsável são essenciais para quem quer ser lembrado perante uma concorrência cada vez mais competitiva. Tendo em vista tudo isso, basta criar protocolos de controle e realizar constante manutenção, como indica Olavo Rodrigues e João Castro, sócios da BR Rating.
“Com sistema de governança implantado, a gestão de riscos fica mais robusta, incluindo a mensuração de impacto ao negócio e probabilidade de ocorrência. Essa matriz deve ser atualizada com visão prospectiva. A empresa formula e executa iniciativas a serem revisadas e aprovadas trimestralmente (idealmente) pelo conselho de administração. Esse processo deve trazer à tona os principais riscos do negócio (bottom-up), quais devem ser evidenciados no topo da estrutura de governança para alinhamento de medidas corretivas (top-down) e mitigação de riscos de reputação da empresa como um topo”, explicam os sócios.
Empresa sólida no futuro
A governança corporativa pode ser aplicada em várias organizações, como as não empresariais, cooperativas e não governamentais. Cabe aos gestores analisarem como implantar com base em suas características e necessidades. De qualquer forma, o sistema já mostrou para o que veio.
Notícia publicada originalmente no site Consumidor Moderno