Publicado na CompliancePME em 8 de abril de 2022

Patrícia Bueno, instrutora especialista do Dialoga Agro, fala sobre caminhos para o agronegócio vencer grandes desafios dos últimos anos

A Governança Corporativa no setor do Agronegócio tem aprofundado cada vez mais sua preocupação com a sustentabilidade, especialmente com as questões ambientais e sociais. Recentemente, o IBGC e a KPMG lançaram a pesquisa Governança no Agronegócio: percepções, estruturas e aspectos ESG nos empreendimentos rurais brasileiros com dados que mostram que a governança corporativa é valorizada pelas empresas que atuam na agropecuária nacional. Para 85% dos respondentes, por exemplo, a prática é importante ou muito relevante para o seu negócio.

Contudo, os desafios já existentes somados a crises recentes foram potencializados, especialmente durante a pandemia de Covid-19. Para entender quais são esses desafios e o papel da governança no enfrentamento deles, o Blog IBGC conversou com Patrícia Amélia Bueno, instrutora especialista da 3ª edição do IBGC Dialoga que está sendo realizada neste primeiro semestre de 2022. Patrícia é conselheira de administração da Vittia Agro e coordena o Comitê de Sustentabilidade da organização. Também é fundadora e CEO da EasyHub, focada na curadoria e governança da inovação. Confira a seguir, o bate-papo completo:

BLOG IBGC:  Quais são alguns dos desafios que você mais visualiza no agro em nosso país?

Patrícia Bueno: O agronegócio é o setor que sobreviveu a três grandes crises: em 2008, 2014 e recentemente com a crise da pandemia. Somos importantes para a segurança alimentar global e o setor representa aproximadamente 22% do PIB brasileiro. Apesar da boa posição global, os últimos anos têm sido desafiadores com disrupções na cadeia de insumos, aumento do preço dos Inputs agrícolas, crise logística dos contêineres e, recentemente, o impacto do fornecimento de fertilizantes em decorrência da guerra da Ucrânia. Todos estes desafios causaram um aumento no custeio da produção, que como consequência reflete na inflação global.

Como enfrentar esses desafios e alcançar novas oportunidades?

Esses desafios demandam organização setorial e governamental para fechar novos acordos e oportunidades de negócio. Somos competentes na produção, mas precisamos estar atentos a novas oportunidades de mercado e, preferencialmente, diluir nossa grande dependência do mercado chinês. Por outro lado, ser um mercado competente em produção de alimentos nos dá a oportunidade de sermos ainda melhores com ampliação de mercado, maior adoção de tecnologia em prol de uma eficiência produtiva maior.

A partir da sua experiência, como a governança corporativa pode ajudar a melhorar o cenário atual?

A governança está diretamente ligada à perpetuidade das empresas rurais ou não. Assegurar maior controle, transparência e direção clara sobre onde o negócio deve chegar, melhora muito as chances do negócio ser bem sucedido.

Em relação à transformação digital que atravessa toda a sociedade e organizações, como você avalia a pertinência de um espaço colaborativo como o Dialoga Agro entre as lideranças?

A Faria Lima e o campo precisam se encontrar! O agronegócio realmente se estabeleceu como um setor de sucesso e que gira recursos importantes. O IBGC, através do Dialoga, traz a oportunidade de diferentes stakeholders pensarem como podemos levar as melhores práticas de governança ao campo, de forma personalizada e adequada a estes empresários que têm características próprias. O Dialoga traz insights e oportunidades amplas de discussão que, em conjunto com as outras iniciativas do instituto, certamente farão a diferença para promover a governança em toda cadeia do Agronegócio.

Originalmente publicado no portal do IBGC