O órgão de supervisão de auditores nos Estados Unidos (PCAOB, na sigla em inglês) informou que impôs sanções à KPMG Brasil por violação das regras e padrões do conselho relativos às comunicações com comitês de auditoria dos clientes. A multa é de US$ 40 mil.

O PCAOB afirma que identificou falhas na comunicação da KPMG Brasil com o comitê de auditoria da Petrobras. O comunicado diz que a auditoria não admitiu nem negou as conclusões, mas concordou com a sanção e em adotar as medidas corretivas estabelecidas.

A presidente do PCAOB, Erica Williams, diz, em nota, que o órgão tem observado muitos casos em que auditores não cumprem as regras de comunicação e completa que os comitês de auditoria desempenham um papel fundamental na proteção de investidores.

“O PCAOB continuará a aplicar requisitos de comunicação estabelecidos para garantir que [os comitês de auditoria] tenham as informações necessárias para supervisionar o trabalho do auditor e garantir a independência”, afirma Williams.

Outras cinco empresas foram sancionadas: Cherry Bekaert LLP(PDF), Deloitte Audit (Luxembourg), KPMG (Argentina), RH CPA e UHY LLP.

O PCAOB diz que o processo faz parte de uma varredura que permite que o órgão recolha “informações sobre potenciais violações de várias empresas ao mesmo tempo”. Outras cinco companhias já haviam sido alvo do procedimento em julho.

Procuradas, KPMG Brasil e Petrobras não retornaram.

O PCAOB também sancionou a KPMG Japan por violar os padrões de controle de qualidade do conselho. A multa é de US$ 500 mil.

O PCAOB conclui que, de 2019 a 2021, as políticas e procedimentos da KPMG no Japão foram insuficientes para garantir que os auditores realizaram testes suficientes para cumprir com os padrões aplicáveis. Além disso, o PCAOB diz que a consultoria falhou em monitorar adequadamente o seu sistema de controle de qualidade.

A KPMG é a segunda entre as firmas de auditorias conhecidas como “Quadro Grandes” a ter falhas apontadas no seu processo de verificação na última semana.

No dia 10 de novembro, a EY divulgou que entre as 54 auditorias realizadas pelo escritório em 2022 e que foram verificadas pelo PCAOB, foram encontradas falhas em 46% delas.

Isso representa uma deterioração significativa em relação ao ano anterior, quando foram encontrados erros em 21% das auditorias inspecionadas. Segundo a EY, esse desempenho ruim tende a continuar em 2023, já que considerando o período entre janeiro e julho deste ano, o PCAOB encontrou erros em 30% das auditorias realizadas pelas “Quatro Grandes”, sendo que a EY teve o maior número de falhas.

“Esta taxa de descobertas não reflete nossos altos padrões e é inaceitável para nós”, disseram a presidente da EY nos Estados Unidos, Julie Boland, e o vice-presidente, Dante D’Egidio, em um comunicado divulgado pelo “Financial Times”.

A empresa diz que está reestruturando a prática de auditoria para centralizar a tomada de decisões e implantar novas tecnologias para tentar melhorar a qualidade. “Essa estratégia está focada em simplificar e padronizar nossa abordagem de auditoria”, diz a EY.

Publicada originalmente no site do Valor

Publicado na CompliancePME em 23 de novembro de 2023