Publicado na CompliancePME em 12 de julho de 2023

As possibilidades de uso da IA generativa, popularizada com o ChatGPT, estão na mira da Microsoft. A empresa americana fez acordo com o laboratório de pesquisa de inteligência artificial OpenAI, em 2019, e agora disponibiliza capacidades da parceira a produtos que vão desde a plataforma de nuvem Azure até o pacote Office 365.

Na nuvem, a novidade é um dos mais de 200 serviços oferecidos na plataforma e pode ser usada como serviço, a partir de grandes modelos pré-treinados e personalizados com dados de interesse da empresa cliente. A solução é adequada para empresas que queiram usar o poder conversacional da ferramenta em ambientes de nuvem híbridos ou múltiplos, para tarefas como desenvolvimento de softwares ou resumo de grandes massas de documentos.

No caso do 365, a Microsoft anunciou em março o Copilot, uma espécie de motor para ampliar capacidades voltadas a produtividade em aplicações como Word, Excel, PowerPoint, Outlook e Teams. A edição de textos ganha novidades como a criação de textos por encomenda do usuário, além de resumo e compilação de documentos.

Com o uso de linguagem natural, questões como tendências de venda ou profissionais que já bateram sua meta podem ser feitas diretamente na planilha. Apresentações podem ser construídas do começo ao fim – tudo, é claro, com abertura para revisão e curadoria humana.

No Outlook, frente a uma longa trilha de e-mails trocados, a IA generativa permite ao interessado solicitar o resumo do problema, ações a serem tomadas e até redigir a resposta. O Copilot ajuda até a abrir brechas para mais reuniões, “participando” de encontros virtuais por meio do Teams e depois resumindo discussões e os passos acordados.

Empregado na ferramenta de gestão do relacionamento com clientes (CRM) do pacote de aplicações empresariais Dynamics 365, o Copilot pode construir campanhas de marketing do zero, incluindo identificação de público-alvo, criação de logotipia e design gráfico e até textos.

Também facilita a criação de chatbots, a identificação de ameaças à cibersegurança – com criação de respostas a elas – e até a criação de copilotos próprios, de acordo com as necessidades de cada empresa, descreve Tânia Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil.

No setor bancário, o motor de IA pode ser empregado para turbinar centrais de atendimento, melhorar a detecção de fraudes, entregar mais informações para consultores, monitorar regras de compliance e ajudar na tradução de idiomas, inclusive Libras. “Treinamento, prospecção, planejamento e abertura de contas podem ser beneficiados”, diz Cosentino.

Mas a executiva Microsoft no Brasil alerta que a solução não serve para tudo e devem ser evitados casos de uso que envolvam o processamento de cálculos numéricos ou informações em tempo real, envio de aconselhamento ou conteúdo desenvolvidos generativamente para clientes sem revisão humana e quaisquer iniciativas com impacto regulatório ou supervisão, a exemplo de modelagem de risco, pontuação de crédito e subscrição.

Entre exemplos práticos, a Advocacia-Geral da União (AGU) está testando a tecnologia embarcada na solução Azure para ajudar advogados do órgão responderem com mais agilidade cerca de 80 mil citações diárias.

 

Publicada originalmente no site do Valor