Desde a pandemia, o bem-estar no trabalho deixou de ser um tema periférico para se tornar central nas discussões corporativas. O mercado global de wellness corporativo deve superar US$ 100 bilhões até 2033, segundo relatório da Market.us, impulsionado pela maior conscientização sobre os impactos do burnout, pelas novas dinâmicas de trabalho e pela importância da saúde mental na produtividade e retenção de talentos.
Nesse mesmo cenário, cresce a preocupação com práticas de “bem-estar de vitrine” — tradução livre para os termos internacionais mental health washing ou wellbeing washing —, que descrevem situações em que empresas priorizam parecer cuidar da saúde mental em vez de agir de forma concreta.
Oferecer dias pontuais de meditação enquanto mantém jornadas abusivas, incentivar o trabalho híbrido mas punir quem adere, ou lançar campanhas de Setembro Amarelo sem oferecer suporte psicológico real são algumas das críticas mais recorrentes.
O descompasso entre líderes e equipes
Estudos reforçam o alerta. A American Psychological Association revelou que apenas 12% das empresas contam com profissionais treinados em saúde mental no dia a dia. Já o McKinsey Health Institute mostrou que empregadores avaliam sua atuação nesse campo 22% mais favoravelmente do que os próprios colaboradores.
O dado mostra que, enquanto as lideranças acreditam estar oferecendo suporte adequado, os funcionários não percebem essas iniciativas com a mesma intensidade, reforçando a distância entre a comunicação institucional e a experiência concreta no ambiente de trabalho.
O risco do “bem-estar de vitrine”
Para Rodrigo Vianna, CEOChief Executive Officer (CEO): O Chefe Executivo da empresa, conhecido também como Diretor Executivo, Diretor Geral e Diretor Presidente ou Presidente. da Mappit, empresa do Talenses Group, esse descompasso pode custar caro às organizações:
“O bem-estar de vitrine mina a confiança dos colaboradores, pois gera a percepção de que a empresa só fala sobre o assunto para melhorar sua imagem, sem mudanças efetivas.”
Ele destaca que o verdadeiro compromisso com a saúde mental exige mudanças estruturais:
“Não basta oferecer benefícios vazios ou palestras pontuais. É preciso rever processos, medir a carga de trabalho, treinar líderes para dar suporte às equipes e criar canais reais de escuta. A saúde mental no trabalho não pode ser reduzida a um evento de calendário, mas tratada como um compromisso contínuo, sustentado por políticas claras e acompanhamento concreto.”
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Contexto brasileiro e riscos legais
O tema também ganha força no Brasil diante da Lei nº 14.831/2024, que estabelece diretrizes para a prevenção de riscos psicossociais nas empresas. Especialistas alertam que ações superficiais podem se transformar em riscoQuantificação e qualificação da incerteza, tanto no que diz respeito a perdas quanto aos ganhos, com relação aos acontecimentos planejados. É um desvio em relação ao esperado. É uma incerteza... jurídico, reputacional e de atração e retenção de talentos — especialmente da geração Z, que deve representar 27% da força de trabalho global até o fim deste ano, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Rodrigo reforça que a saúde mental precisa deixar de ser retórica e se tornar parte da estratégia de negócios:
“Só assim será possível garantir equipes engajadas e produtivas. Caso contrário, as empresas arriscam perder não apenas talentos, mas também a confiança dos colaboradores e a própria reputação no mercado.”